sábado, 26 de novembro de 2016

Os dois risquinhos que mudam tudo

   Naquela amanhã acordei e lembrei-me da data... Já há 9 anos que nos deixaste mas o teu aniversário é sempre uma data importante para nós. Ao levantar-me da cama senti uma pontada no seio direito e pensei para com os meus botões se até ao final do dia não me vier o período vou fazer os teste.
   Cheguei a casa depois do trabalho e como sempre fui directa para a casa de banho. Abri o armário onde havia um teste de gravidez, dei uma vista de olhos pelas instruções e xixi. Virei o plástico ao contrário para não ver o resultado a aparecer, ninguém precisa dessa ansiedade, coloquei o cronómetro no telemóvel e fui à minha vidinha. Quando o alarme tocou, fui ver o resultado sem stress ou ansiedade pois estava à espera de um resultado negativo. Virei o plástico e qual não é o meu espanto quando vejo dois traços... A primeira reacção foi de incredulidade e depois foi de incerteza de estar a ler o resultado correctamente, eh eh eh eh Telefonei de seguida ao Homer mas não consegui articular muito bem o que se estava a passar pelo que lhe disse que ia enviar uma foto e ligar de novo. Quando voltei a ligar as minhas perguntas foram: viste? percebeste? são dois traços? Ao que ele meio abanando respondeu que sim a tudo. Encubiu-o então da tarefa de passar pelo supermercado antes de vir para casa e comprar mais testes, de marcas diferentes pois não queria deitar foguetes antes da festa.
   No total fiz 4 testes e todos deram positivo, na manhã seguinte liguei para o centro médico e marquei consulta para esse mesmo dia. Fiz uma catrefada de análises de sangue e passados dois dias recebi os resultados de que estava tudo bem.
   Tínhamos viagens marcadas para Melbourne, Dubai e Portugal, o timing nunca é perfeito mas iríamos ter a oportunidade de dar a notícia às nossas famílias pessoalmente e para quem vive tão longe isso é muito especial 😀
   A primeira eco teve de ser marcada o mais tarde possível antes da nossa partida para Portugal (na véspera da viagem) com receio de que fosse cedo demais para poder ver tudo o pretendido desta fase inicial (7 semanas). Vimos um ponto que nos disseram ser o nosso bebé, para mim podia ser qualquer outra coisa pois para quem não percebe do assunto é tudo igual!, e tivemos a sorte de poder ouvir o coração dela pela primeira vez. Isso sim, foi muito especial e emotivo. Até aí, a gravidez não passava de um conceito abstracto mas de repente tornou-se real: havia de facto uma vida a crescer dentro de mim....

terça-feira, 8 de novembro de 2016

4 anos :-)

Coogee Beach, Sydney
   Fez no sábado 4 anos que chegámos à Austrália. Aterrámos em Brisbane numa noite quente e húmida cheios de curiosidade e vontade de começar a nossa aventura australiana. Desde que tínhamos saído de Portugal, 6 anos e meio antes, que a Austrália sempre foi o nosso destino de sonho mas que durante muito tempo nos pareceu difícil de alcançar. Depois de tantas voltas estávamos finalmente a pisar solo australiano como residentes e apesar de todo o nervosismo, receios e ansiedade sentimos estar a concretizar um sonho!
   A mudança para Sydney há quase dois anos veio confirmar o que já sentíamos, tínhamos chegado ao nosso destino. Não sei quanto mais tempo vamos ficar por cá, pois deixei de fazer planos a médio prazo, mas por enquanto estamos onde nos sentimos bem e onde sentimos pertencer nesta fase da nossa vida. Este não é um país perfeito e a distância continua a ser o mais difícil de suportar mas é sem dúvida o local perfeito para nós neste momento!
   Próximo passo: cidadania 😉

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Festival de Cinema Italiano

   Vivemos no antigo bairro italiano de Sydney. Antigo pois com o crescimento da cidade e a valorização imobiliária os bairros onde antigamente viviam as mais diversas comunidades foram-se dissipando, embora ainda restem algumas marcas da sua história. Por aqui há muitos restaurantes e cafés italianos, muitos residentes italianos que emigraram há mais de trinta anos, etc...  Não é pois de estranhar que tenha sido no cinema local onde vi a publicidade deste filme no âmbito do festival anual de cinema italiano.



   O filme está muito bem conseguido, é super divertido e retrata uma maneira de estar e ser italiana, que embora caia no estereótipo de vez em quando, se assemelha em muito à nossa cultura portuguesa. Foi um serão muito bem passado e ao fim de algumas semanas ainda utilizamos algumas das expressões que mais nos marcaram em casa.
   Se tiverem oportunidade de ver, não percam!

sábado, 5 de novembro de 2016

A decisão....

   Há mulheres que crescem a sonhar com o dia em que serão mães. Esse não foi o meu caso!
   O meu instinto protector sempre foi muito grande, era sempre aquela que se preocupava e cuidava das irmãs mais novas das minhas amigas (os meus irmãos são todos mais velhos!), era sempre aquela que na escola, se preciso, andava à bulha com os outros meninos para defender as minha amigas, era (sou) sempre aquela que se apegava muito às pessoas que lhe tocavam (tocam) no coração e que adorava (adora) poder mimá-los. Contudo, isso não fez com que o meu instinto maternal gritasse com a força de quem quer ter um filho quando atingi a adultice, quando encontrei o Homer ou até quando os anos férteis começaram a passar como quem não quer a coisa.
   A decisão de tentar engravidar foi, por tudo isto, uma decisão muito ponderada e bastante racional. Claro, que há uma componente emocional bastante grande mas creio que consegui separar bem as coisas e ponderar de uma forma muito séria sobre a possibilidade de ter um bebé e tudo o que isso implica.
   Quando começámos a namorar o Homer e eu tivemos a conversa sobre filhos e muito honestamente disse-lhe que não sabia se algum dia quereria ser mãe e que havia uma grande probabilidade da resposta ser sempre "não". Ele queria muito ser pai mas confessou que preferia ficar comigo sem filhos. Claro que esta é sempre uma situação complexa pois não queria de modo nenhum sentir que ele não concretizaria um sonho por ter escolhido estar a meu lado, por outro lado não queria pressão para tomar uma decisão para a qual eu não estava preparada. Nunca fui uma pessoa facilmente  influenciável e por isso sabia que não iria engravidar apenas porque ele queria, para o fazer feliz, ou qualquer outra desculpa esfarrapada do género.
   Os anos foram passando e de facto ele cumpriu a sua promessa de não me pressionar. Com tantas mudanças e tantas aventuras que vivemos o momento certo nunca se apresentou o que tornou sempre a hipótese de engravidar muito pouco viável. (Claro, que falo de uma gravidez planeada, felizmente nunca tivemos nenhum "acidente de percurso", lol) Com o assentar de arraiais na Austrália, o boom de bebés e grávidas à nossa volta, e a idade fértil a escapar-se entre os dedos, a vontade de ser pai começou a falar mais alto e o Homer começou a falar no assunto frequentemente. Novamente, tivemos uma conversa muito séria onde achei apenas justo ponderar sobre o assunto, de coração e mente abertos, com consciência da "urgência" de uma decisão devido à idade, mas sem qualquer pressão. Durante o meu período de reflexão ele não falaria no assunto e respeitaria o meu tempo e espaço. E assim foi...
   Na balança coloquei todos os prós, os contras, os medos, as ansiedades, os mais variados sentimentos. Analisei o motivo por detrás de cada um deles o melhor que soube. À medida que ia reflectindo ia pensando cada vez mais na nossa futura família e fui-me apaixonado pela ideia da maternidade. Tinha perfeita consciência que as minhas hipóteses de engravidar poderiam estar comprometidas e sabia até onde iria em termos de tratamentos caso não conseguisse engravidar naturalmente. Acima de tudo, tinha plena consciência que por ter esperado tantos anos poderia não poder vir a ser mãe e estava preparada a viver com isso de consciência tranquila e sem remorsos pois tinha a certeza que antes não teria sido o momento certo.
   Não engravidei à primeira tentativa mas felizmente engravidei naturalmente aos 38 anos de idade dentro de um período de tempo normal, sem stress! Quando vi dois riscos cor-de-rosa no teste de gravidez senti alguma incredulidade (fiz 4 testes em casa, só para ter mesmo a certeza!!!) mas o maior sentimento foi de pura felicidade e isso apenas confirmou o que já sentia... Tomei a decisão certa no momento certo para nós...

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

A razão da minha ausência 😀


   Há muito tempo que não passo por aqui e não é por falta de novidades ou sequer assuntos para escrever... É por um excelente motivo: em breve seremos três cá em casa!!!
   O nascimento da nossa primeira filha está previsto para o Natal e nestes últimos meses temos vivido todo o tipo de emoções, temos sentido na pele coisas que conhecíamos apenas no sentido intelectual e temos crescido em amor e responsabilidade enquanto pessoas e casal.
  A gravidez é uma viagem muito especial, cheia de mistérios e alegria, mas também de momentos complicados e de alterações por vezes difíceis de gerir. Se tem um lado mágico também é verdade que tem um lado chato de que se evita falar. Dizer por isso que estamos felizes parece óbvio mas a verdade é que estamos também receosos, preocupados, ansiosos, nervosos e tudo e tudo e tudo...

quinta-feira, 31 de março de 2016

Rir é a melhor religião ;-)



   Achei esta paródia o máximo mas o mais giro foi que à medida que eles iam brincando/gozando eu ia pensando: "ah, eu faço isto!".

   Eu até tenho um app com meditações guiadas no meu smartphone! ah ah ah ah 

quinta-feira, 17 de março de 2016

Jenolan Caves


 As Blue Mountains são uma das zonas mais bonitas que já vistei aqui na Austrália. A hora e meia de Sydney, entramos no parque natural e sentimo-nos insignificantes perante a sua imensidão. Olhar as copas das árvores unidas até perdermos de vista o horizonte, ver o efeito azul da luz sobre a vegetação (efeito esse que lhes dá o nome), respirar o ar puro e ouvir  apenas o chilrear dos pássaros é algo mágico.

   Quando cá estivemos de férias em 2010 tivemos duas experiências diferentes mas ambas inesquecíveis. E no mês passado voltámos para passar lá um fim de semana.



  Desta feita fomos também até às Jenolan Caves. Há algum tempo que queria vistar estas grutas mas receava qual a minha reacção pois sou um pouco claustrofóbica e não me dou bem nestes ambientes. Enchi-me de coragem e lá fui eu.

   Fizémos a visita guida da Imperial Cave que é a mais fácil. Queriamos ter ido antes à Lucas Cave, que é a mais conhecida, mas chegámos uns minutos atrasados.... Gostámos imenso e apesar de algumas zonas apertadas em que tivemos de gatinhar não paniquei (muito.... lol) As grutas são de facto impressionantes e mais uma vez ficámos boquiabertos perante a magia da Mãe Natureza!








quarta-feira, 16 de março de 2016

I might be a "Multipotentialite"...



 
   Porque nem todos sabemos claramente qual o nosso rumo... E não há mal nisso...

   Quantas vezes não me senti uma ave rara por não ter um percurso profissional marcado por objectivos claros em clara ascensão, ou até por continuar a estudar, coisas diversas, apenas pelo prazer de aprender!!!

   A idade tem-me trazido a sabedoria para não me preocupar em encaixar nos moldes ditados pela sociedade e a aceitação da diferença e das minha próprias escolhas sem julgamento ou arrependimento.

segunda-feira, 14 de março de 2016

O paraíso ao virar da esquina

   Quando se fala da Austrália, a maior parte das pessoas pensa em praias paradisíacas. Embora o país seja muito mais do que isso, temos tido a sorte incrível de descobrir alguns destes locais que mais parecem um postal.

   Um desses paraísos fica a menos de 200 Kms a sul de Sydney. Jervis Bay é uma zona balnear conhecida pelas suas "praias postal", onde o ar é mais puro e imediatamente entramos em modo de descanso.

   Da primeira vez que fomos para sul, acampámos em Huskisson e gostámos imenso da pequena vila. Desde aí  já voltei a Callala Beach e na Páscoa iremos acampar de novo, desta vez para Mollymook.

   Qualquer visita à zona exige uma ida a Hyams Beach que detem o World Guiness Record pela praia de areia mais branca do mundo! É de facto uma praia lindíssima e a areia é mesmo muito branca ;-)



   Exige também um passeio pelo Booderee National Park onde podemos encontrar algumas praias desertas, alguns locais de campismo selvagem e encontros com animais nativos.





   Uma recomendação para quem não pode ficar durante muito tempo é fazer um passeio de barco. É uma excelente forma de ver a beleza natural da zona e o mais provavel é como bónus ver alguns golfinhos. Há uma grande colónia de golfinhos (80-90) residente na zona há anos. A água é tão limpa e o ambiente tão propício ao seu bem-estar que já fizeram estudos que comprovaram que os golfinhos de Jervis Bay vivem bastante mais anos que o normal.





terça-feira, 8 de março de 2016

Dia Internacional da Mulher



    É por elas que hoje celebramos... É por tantas outras que ainda sofrem diariamente por terem nascido mulheres...

PS - Se ainda não viram o filme, recomendo vivamente! (mas preparem os kleenex, eh eh eh)

sábado, 5 de março de 2016

"A Febre de Sábado"

 


  Adoro dançar ao som desta bachata! 

   O vídeo é do mais piroso que há, lol, mas o ritmo é fantástico. É impossível o corpinho não pedir festa ao ouvir esta música ;-p

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Ah, e tal... eu é mais livros!

   Não tenho escrito por aqui, não porque não se tenha passado nada mas porque tenho andado muito introspectiva. Contudo, tenho lido bastante e até tenho saído frequentemente, especialmente para dançar ;-)
   Mas hoje venho aqui falar dos livros que tenho lido,  alguns muito bons!

  
   O primeiro é o "All The Light We Cannot See" do Anthony Doerr. Confesso que me chamou a atenção na prateleira da livraria por ter ganho o Prémio Pulitzer. Trouxe-lo para casa e assim que o comecei a ler não mais parei. Quando o acabei senti um vazio... A estória é triste e cruel mas ao mesmo tempo tão, mas tão, bonita pela forma como nos é contada: duas crianças que crescem do lado oposto da guerra, que são forçadas a crescer rapidamente perante um mundo em ruínas,  a perda da sua inocência e ao mesmo tempo a sua luta pela salvação de uma réstia de humanindade.
   *Só vi o vídeo do autor (no link em cima) depois de ter lido o livro e fiquei feliz por ter sido totalmente surpreendida pela estória. Aviso desde já que o vídeo revela um pouco demais, para o meu gosto, para quem quer ler o livro.

   Segue-se o mais novo da Isabel Allende, "The Japanese Lover". Uma estória de amor com encontros e desencontros numa dinâmica muito característica de Isabel Allende. As falhas humanas e o inevitável sofrimento fazem sempre parte das suas narrativas  pois não são dissociaveis da vida em si. As personagens são complexas e ao longo do livro vamos descobrindo as suas diferentes facetas e as múltiplas camadas de que são compostas.

   O regresso de Lisbeth Salander fez com que comprasse o novo livro da série Millennium com muita curiosidade: The Girl in the Spider's Web. É certo que li os três livros anteriores há alguns anos mas a verdade é que não encontrei um tom ou registo diferente neste livro. Isto para mim significa que encontraram o ghost writer certo para terminar o trabalho começado por Stieg Larsson. Mais uma vez, a acção nos capta a atenção, o suspense nos mantém presos à página e o desenrolar da estória nos desperta a curiosidade até ao final. 

  Sabia que a Kate Moss não haveria de desiludir e por isso pensei que o "The Winter Ghosts" seria uma boa escolha. De facto, não me enganei. É uma bonita estória onde o mundo espritual e o físico se entrelaçam e onde o passado e o presente se misturam num mesmo espaço e tempo. É um livro sobre sarar o tipo de feridas tão profundas que nos obrigam a reinventarmo-nos.

   Nem de propósito, tinha acabado de ler o "Number Zero" do Umberto Eco quando soube da notícia da sua morte. Não conheço muito da sua obra para além de "O Nome da Rosa" e confesso que este livro não me preencheu. O contexto e a teoria da conspiração que lhe dá vida são interessantes mas senti que a partir de um certo ponto foi despachado. Soube-me a pouco...

   Com as vistas que vieram de Portugal pelo Natal vieram 3 livros em português. Tão bom! O primeiro era pequeno mas muito intenso, "Morreste-me" de José Luís Peixoto. É uma pequena prosa, muito bonita e extrememente pessoal, dirijida ao seu pai. Cada um terá a sua própria interpretação mas eu achei de uma tremenda coragem a partilha.



   E claro, vieram os dois últimos do José Rodrigues dos Santos. "A Chave de Salomão" já marchou e  'As Flores de Lotus" não deve tardar muito... Estou a ser poupadinha para poder saborear os livros na minha língua materna. Embora, leia perfeitamente em inglês, e goste!, é muito bom ler sobre as nossas referências culturais. É impagável ler um relato em que o personagem estaciona o carro perto da Praça de Espanha e ser inundada de memórias daquela zona perto da minha faculdade.
   Como em todos os livros do José Rodrigues do Santos aprendi imenso. Desta feita, acerca de fisica quântica! Mas confesso que estou cansada do protagonista, Tomás de Noronha, e das suas inacreditáveis aventuras. A fórmula funcionou bem nos primeiros livros mas para mim já perdeu o encanto. Os diálogos em que ele explica conceitos tão complexos como as experiências para encontrar o bosão de Higgs à bond girl deste livro são tão improváveis que dói. E há muitas questões práticas que são ignoradas, tais como não se poder apanhar um avião para outro país sem passaporte. Fez-me lembrar um flop do 007 em que há um acidente no metro de Londres em plena hora de ponta mas todas as carruagens estão vazias ;-p


   No Natal ofereci o "Amazing Fantastic Incredible: A Marvelous Memoir" ao Homer. Basicamente, é um livro ilustrado que retrata a vida do Stan Lee, o homem por detrás de personagens como o Homem-Aranha, Hulk, Thor, e os X-Men, entre outros. Embora goste mais do Astérix, esta manhã roubei este livro da mesa de cabeceira do maridão e estou a adorar ler os quadadrinhos :-)

 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Let's Dance!

   A nossa primeira experiência com as danças latinas, em especial a salsa, começou ainda na Holanda. Tínhamos curiosidade e achámos que seria até uma maneira divertida de conhecer pessoas novas, uma vez que estávamos no país há pouco tempo, e por isso inscrevemo-nos numa escola em Haia. Lembro-me que foi bom ver o quão rápido é o progresso de aprendizagem mas o aspecto social foi muito constrangedor. As aulas eram naturalmente em holandês, o professor era muito simpático e traduzia até algumas coisas para nós, mas o pior foi a troca de pares natural que se fazem nestas aulas. Os holandeses não primam pelo ritmo, coordenação (sem ser em cima da bicicleta!) ou desenvoltura. Para além disso são, na minha opinião, um povo "socially awkward"! Ora dançar com um estranho que não é capaz de sorrir, não diz uma palavra simpática, e ainda por cima não leva jeito nenhum para a coisa não é nada agradável! Por isso não passámos do primeiro nível.
   Vários anos depois, em Brisbane, encontrámos uma escola que nos pareceu uma boa alternativa pois ensinava vários estilos de danças latinas ao mesmo tempo. O conceito é, de facto, interessante mas os resultados demoram mais tempo a revelarem-se e para quem é principiante é muito fácil começar a confundir os diversos passos. Os professores mudavam de aula para aula e não sentimos sequer, por isso, consistência. Aqui a troca de pares tornou-se também constrangedora pela presença de alguns membros do sexo masculino que não tinham as melhores intenções, digamos assim... Ora eu estava ali para aprender, para me divertir e não para ser assediada! Quando um parceiro de dança não pára de olhar alarvemente para os teus seios, ou o chamas à atenção (o que fará com que o teu marido, presente na sala, se passe e lhe pregue um murro) ou optas por deixar de dançar com tal criatura. Para o fazer, e pelo bom funcionamento social da aula, tens de deixar de dançar com qualquer outro rapaz/homem o que por si só é um comportamento desconfortável. Assim, decidimos mais uma vez que aquela não era a escola para nós.

   Mas o bichinho continuava lá e chegados a Sydney pesquisei novas escolas e lá convenci o Homer a voltarmos à salsa. Ele não tinha muita vontade mas por mim aceitou tentar de novo. E em boa hora o fizémos! O professor, que é um dos directores da própria escola, é fantástico, enquanto professor, enquanto pessoa, enquanto bailarino. As aulas são super divertidas mas acima de tudo explicativas. Ele explica cada passo em pormenor mostrando-nos com exemplos porque se deve fazer assim e não assado. A paixão dele é contagiante :-)
   Ainda durante o primeiro nível a escola celebrou um aniversário (15 anos,  julgo) e houve a gala anual onde há actuações dos mais diversos níveis e uma festa muita animada pela noite dentro. Curiosos,  fomos! Ao ver os alunos dos níveis intermédios, nos variados estilos, ficámos inspirados e com vontade de continuar a aprender. Claro que os alunos dos níveis avançados ou os profissionais elevam a fasquia de tal modo que nem nos meus sonhos lá penso chegar ;-p
   Ao falarmos com o professor na semana seguinte ele desafiou-nos para uma actuação de principiantes no Sydney Latin Festival. Qual não é o meu espanto quando o próprio Homer diz logo que sim! Eu ainda questionei: tens a certeza?! Mas ele estava convicto que ia ser muito bom para nós em todos os sentidos.
   As aulas de coreografia foram efectivamente excelentes para consolidar os nossos conhecimentos e posso dizer que devido a tanta repetição e aperfeiçoamento sou "a rainha do one and a half turn", lol O bom ambiente que se criou com a equipa foi também muito especial pois queríamos todos dar o nosso melhor, estávamos todos motivados e a interajuda foi constante. Os treinos foram-se sucedendo, comprámos os disfarces (a coreografia tinha um tema militar) e os dias do festival chegaram sem piedade. O ensaio geral em palco correu maravilhosamente bem e aí tive um daqueles momentos de "ou vai ou racha". Sei que pode parecer ridículo mas só aí me apercebi da dimensão da aventura em que nos tínhamos metido... A actuação no dia seguinte correu muito bem mas os nervos eram muitos... Ao ver o vídeo reconheço alguns pequenos erros (o meu lado perfeccionista!) mas fico orgulhosa não só do nosso desempenho mas principalmente da nossa coragem...
   Sei que a idade, de que às vezes me queixo, me deu a confiança para subir ao palco num fato justo sem pensar nos quilos que tenho a mais, ou nos "pneus" ou "banhas"  visíveis, e mostrar os meus parcos conhecimentos de salsa perante profissionais e outros amadores.
   Diverti-me imenso no balneário com as outras meninas que me ajudaram a maquilhar pois é uma habilidade que não possuo (pela primeira vez na vida usei pestanas falsas!), e apesar dos nervos subi ao palco confiante de que estava preparada e com um sorriso nos lábios. Vibrei com os aplausos que confirmaram a toda a equipa que o nosso  esforço durante as aulas e ensaios tinha valido a pena e tinha dado frutos. Emocionei-me por detrás da cortina e não contive as lágrimas de felicidade que ameaçaram arruinar a maquilhagem!


   O resto do festival foi passado em workshops,  a assistir a muitas outras actuações de alunos e profissionais nacionais e internacionais, e a dançar muito nas festas.

   Foi uma experiência incrível por tudo o que me proporcionou, muito para além da dança em si! Se aos 38 (e meio, lol) conseguimos aprender a dançar ao ponto de subirmos a um palco e não passarmos vergonha então pouco será aquilo que não podemos fazer, se quisermos e fizermos por isso! E se eu consigo,  vocês também!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sydney - 1 Ano Depois

 

   Ontem fez um ano que me mudei oficialmente para Sydney. Não foi uma mudança ansiada, foi sim uma mudança fruto de circunstâncias e motivos profissionais. Contudo, encarei esta mudança como mais uma aventura, como mais uma oportunidade de conhecer novos locais e pessoas, e como mais uma etapa no meu crescimento pessoal (nos mais diversos sentidos).
   Ao fim do ano o balanço é, sem dúvida, bastante positivo!
   A pergunta que mais me têm feito ao longo deste ano é se gosto mais de viver em Sydney ou Brisbane e a minha resposta tem sido invariavelmente 'não sei ainda...'. E essa é a mais pura verdade! Se por um lado já me sentia "enturmada" em Brisbane e já conhecia a cidade, por outro lado o sentimento de descoberta depressa se desvaneceu. Apesar de adorar a calma da cidade por vezes tornava-se aborrecida. Em Sydney senti-me perdida, as constantes multidões foram um ataque a todos os meus sentidos e o reencontro com a poluição, ruas mais sujas e mendigos foi um choque. Mas sentir o ritmo de uma cidade onde há programas novos todos os fins-de-semana, imensos locais para descobrir, espectáculos e exposições durante todo o ano tem sido uma lufada de ar fresco.
   Em Brisbane é praticamente verão o ano todo mas em Sydney o inverno é frio. Até tivemos de comprar um aquecedor, lol. Contudo, em 30 minutos estou em qualquer praia enquanto que em Brisbane demorava 1 hora e um quarto.
   Em Sydney voltei a andar de transportes o que por vezes é uma seca mas aproveito as viagens para ler o que tem sido excelente. O carro fica mais dias fechado na garagem mas voltámos a andar de mota e a gozar da liberdade que isso nos proporciona.
    Em Brisbane deixei amigos novos, um grupo super bem disposto que se juntava muitas vezes e que se entreajudava em tudo. Em Sydney vivo perto da minha querida amiga A. e dos seus pais que nos fazem sentir parte da família. E tenho a sorte de termos começado também a fundação onde novas amizades se irão decerto cimentar.
   Por serem cidades tão diferentes, que me trouxeram riquezas distintas, não consigo responder qual das duas gosto mais. Gosto muito das duas!
   Imagino que o próximo ano em Sydney vai ser repleto de descobertas ao meu tempo que nos iremos sentir cada vez mais em casa. Sei que este é o local certo para nós, neste momento, e sinto que, embora tenhamos dado muitas voltas até cá chegar, esta cidade estava à nossa espera :-)